"Mais Pesado Que O Céu.
A Biografia Definitiva de Kurt Cobain"
de Charles R. Cross
Kurt Cobain (1967-1994) vive a adolescência aos sobressaltos. Encontra na escrita, na arte e na guitarra formas de expressão e de libertação. Ouve os Beatles, mas são os Melvins, epifânicos, que o inspiram e lhe revelam os sons subterrâneos dos subúrbios de Seattle. Divaga sem teto. Funda os Nirvana com o amigo Krist Novoselic.
Nas primeiras digressões têm de optar entre a comida ou o combustível. Os bateristas entram e saem. Gravam “Bleach”, o primeiro álbum. Fortalecem-se, decisivamente, com a chegada do carismático David Grohl para a bateria. Os Nirvana põem a nu o talento de Cobain, destapam o som subterrâneo dos subúrbios de Seattle, ao mesmo tempo que enterram o "hair metal" dos anos 80.
“Nevermind” inscreve-os na História do Rock. Enquanto isso, Cobain é catapultado para o sol incandescente. Como Ícaro, com as asas derretidas, a queda dá-se em espiral: pressões, droga, matrimónio e estômago avariados, droga, desencanto, isolamento, droga, depressão (e a paternidade, apesar de tudo).
Grava “In Utero” in transe. O “Unplugged” é um milagre. Apresenta-se morto-vivo em Cascais, mais morto que vivo em Roma, definitivamente morto em Seattle. De “Nevermind” à comoção fúnebre são menos de 1000 dias.
Apesar do fatídico final, Mais Pesado Que O Céu, do biógrafo Charles R. Cross, é uma ótima e recomendável leitura no ano em que se assinalam trinta anos da partida de Kurt Cobain, famoso frontman da banda que dominou o rock e a cultura popular na década de 1990, cujo legado continua bem vivo.
As novas gerações que hoje descobrem e admiram os Nirvana lerão este livro com a mesma vertigem com que lemos, há cerca de 25 anos, Daqui Ninguém Sai Vivo (de Jerry Hopkins e Daniel Sugerman), a biografia do mítico Jim Morrison, vocalista dos The Doors.
O rock morreu?
Teremos sempre os Nirvana (e os Beatles, os Doors, os Zeppelin, os Clash...)
Sons subterrâneos dos subúrbios de Seattle para sempre!
por Daniel Santana