Eduardo Lourenço é o grande pensador, filósofo, professor português, que olhou e escreveu sobre Portugal, país que o viu nascer há 97 anos e de onde partiu para o sul de França onde viveu muitas décadas, nunca se afastando desta geografia e da tentativa de a entender.
Citando Guilherme d’Oliveira Martins no site de Eduardo Lourenço
“Na sua análise de Portugal como Destino, Eduardo Lourenço afirma que Garrett e Herculano refundaram a pátria porque, «pela primeira vez e de uma maneira mais radical do que acontecera nas raras mas fortes crises que pontuaram a nossa história de nação independente, o país esteve em sérios riscos de perecer». E a verdade é que aparte a revolução liberal de 1834 não houve outra em Portugal. «Inconscientemente» levámos séculos a afastar-nos da "fatalidade" europeia e do seu jogo de forças, mas tivemos de assumir-nos na balança da Europa.[…]
Decididamente, a Europa do último quartel do século, essa Europa de onde esperávamos o messias, em vez de nos estimular, melancolizava-nos ou humilhava-nos simbolicamente. O pior de tudo é que isto nada tinha que ver, em geral, com a Europa efetiva, no positivo e no negativo dela, mas com o psicodrama puramente onírico que nós vivíamos a sós connosco e que a dita Europa nem imaginava». Ora, a Geração de 70 personificou dramaticamente este desafio, e fê-lo com sentido profético como Quental assumiu na conferência de 1871 sobre «As Causas da Decadência», sabendo interpretar os ecos que condicionaram Nietzsche, como nosso primeiro pensador não nacionalista, falando em termos europeus e universais.
Eduardo Lourenço deixa-se fascinar por essa aura, […] Deste modo, o ensaísta de «O Labirinto da Saudade», parte da herança de Herculano e de Garrett, centrando-se na exigência emancipatória da Geração de 70, vista não como um qualquer «vencidismo», mas como o culto determinado da crítica enquanto fator de liberdade e progresso. Daí a necessidade de compreensão dos mitos – que permitem ir da vontade à evolução.”
“O Labirinto da Saudade” é um ensaio, a não perder, que analisa a identidade portuguesa, enraizada naquilo a que o autor chama “saudade”. Um livro que nos leva a refletir sobre o que fomos, somos e o que queremos ser. O livro é adaptado para cinema, pelo realizador Manuel Gonçalves Mendes, estreando-se em maio de 2018, tendo vencido em 2019, o Prémio Sophia na categoria de Melhor Documentário em Longa-Metragem.