22.6.20

Clássicos da literatura Gregos e Romanos


Estou a dar continuidade a um projecto de leitura que é dedicado aos clássicos. Depois de ter começado com antigos gregos, a Ilíada e a Odisseia, poemas épicos de Homero (em extraordinárias traduções de Frederico Lourenço), prossegui com a Politeia/República, de Platão, com A retirada dos dez mil, de Xenofonte (numa maravilhosa tradução de Aquilino Ribeiro), entrei nos antigos romanos, com Da natureza das coisas, de Lucrécio, e estou, agora, com as Cartas a Lucílio, de Séneca, um exemplo maior da filosofia estóica. Num estilo epistolar, Séneca dirige-se a um seu contemporâneo (século I) para o ensinar a viver com ética, mas nós, leitores de hoje, sentimos que ele se dirige aos humanos de todos os tempos. Os seus ensinamentos são tantos e tão profundos que raras são as páginas em que não somos tentados a reflectir sobre o que lemos e a sublinhar ou anotar o que lemos. Apenas um exemplo: "Reclama o direito de dispores de ti, concentra e aproveita todo o tempo que até agora te era roubado, te era subtraído, que te fugia das mãos. (...) Podes indicar-me alguém que dê o justo valor ao tempo, aproveite bem o seu dia e pense que diariamente morre um pouco? É um erro imaginar que a morte está à nossa frente: grande parte dela já pertence ao passado, toda a nossa vida pretérita é já do domínio da morte!"

É uma leitura tão útil e, simultaneamente, tão prazerosa que só me resta recomendá-la vivamente.

José Couto