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22.6.20

Clássicos da literatura Gregos e Romanos


Estou a dar continuidade a um projecto de leitura que é dedicado aos clássicos. Depois de ter começado com antigos gregos, a Ilíada e a Odisseia, poemas épicos de Homero (em extraordinárias traduções de Frederico Lourenço), prossegui com a Politeia/República, de Platão, com A retirada dos dez mil, de Xenofonte (numa maravilhosa tradução de Aquilino Ribeiro), entrei nos antigos romanos, com Da natureza das coisas, de Lucrécio, e estou, agora, com as Cartas a Lucílio, de Séneca, um exemplo maior da filosofia estóica. Num estilo epistolar, Séneca dirige-se a um seu contemporâneo (século I) para o ensinar a viver com ética, mas nós, leitores de hoje, sentimos que ele se dirige aos humanos de todos os tempos. Os seus ensinamentos são tantos e tão profundos que raras são as páginas em que não somos tentados a reflectir sobre o que lemos e a sublinhar ou anotar o que lemos. Apenas um exemplo: "Reclama o direito de dispores de ti, concentra e aproveita todo o tempo que até agora te era roubado, te era subtraído, que te fugia das mãos. (...) Podes indicar-me alguém que dê o justo valor ao tempo, aproveite bem o seu dia e pense que diariamente morre um pouco? É um erro imaginar que a morte está à nossa frente: grande parte dela já pertence ao passado, toda a nossa vida pretérita é já do domínio da morte!"

É uma leitura tão útil e, simultaneamente, tão prazerosa que só me resta recomendá-la vivamente.

José Couto


25.5.20

O que estou a ler: Cartas a Lucílio

Cartas a Lucílio
LUCIO ANEU SÊNECA nasceu em Córdova em data indeterminada, cerca do ano 4 a. C. Seu pai, de nome também Lúcio Aneu Sêneca (conhecido por Sêneca-o-Retor, para o distinguir do filho, Séneca-o-Filósofo) trouxe-o ainda criança para Roma, onde estudou com mestres de várias tendências filosóficas, mas especialmente de obediência estoica.
Séneca foi um dos mais célebres advogados, escritores, dramaturgos, intelectuais do Império Romano.
Durante o principado de Gaio (Calígula) iniciou uma brilhante carreira como advogado, mas logo após a subida ao poder do imperador Cláudio foi por este exilado para a Córsega, onde se manteve durante oito anos. Em 49, a nova esposa do imperador, Agripina, conseguiu anulação do exílio, chamou Séneca a Roma e confiou-lhe a educação do jovem Nero. Morto Cláudio e aclamado Nero como novo imperador pela guarda pretoriana, começa a fase mais importante da carreira política de Séneca. A partir de 62, porém, as tendências autocráticas de Nero afirmam-se e Séneca retira-se à vida privada. Três anos depois uma conjura para derrubar Nero é descoberta e o filósofo é dado como implicado nela, recebendo ordem do imperador para se suicidar, o que acontece em Abril de 65.
A obra de Séneca é vasta, entre ela vários opúsculos sobre problemas vários de filosofia moral prática (Diálogos) e as Questões Naturais (tratado sobre vários problemas de ordem científica).
A obra que mais se destaca é sem dúvida “Cartas a Lucílio”, 124 cartas, escritas nos últimos anos da sua vida. São lições, reflexões que questionam a nossa existência.
Basta ler alguns dos conselhos banais que Séneca envia ao seu discípulo: evita seguir as modas da turba; as deambulações constantes são marca de uma alma doente; não cedas à dispersão. O que diria Séneca da nossa era – uma era que fez do mimetismo pop; do politicamente correcto; da celebração da inconstância; a sua melodia essencial?
Uma obra clássica e muito atual.
Em Portugal, as “Cartas a Lucílio” foram editadas pela Fundação Calouste Gulbenkian e traduzidas do latim segundo o texto da Oxford University Press, 1965, por J. A. Segurado e Campos.