Vergílio Ferreira (1916-1996)
Completa dentro de muito poucos dias (28 de janeiro) o centenário do nascimento, merecendo referência como um dos autores mais influentes do século XX.
Para comemorar os 100 anos do grande escritor português, a BMAC irá realizar uma mostra da sua obra bibliográfica, entre 25 e 30 de janeiro de 2016.
UM LUGAR MUITO ESPECIAL…
Vergílio Ferreira tem uma importância para a cultura portuguesa do século XX, e em especial para as novas gerações do pós-guerra, que ultrapassa em muito a ideia de estarmos perante um escritor entre outros. [...] De Hegel a Nietzsche, de Kierkegaard a Sartre, até Camus o autor de «Aparição» vive um século trágico, pleno de confrontos entre diversas leituras dogmáticas da sociedade e do tempo, que o intelectual e o homem recusam. Vergílio Ferreira quis, assim, sempre assumir o seu próprio caminho – primeiro tratando dos dramas sociais, que reclamariam uma sociedade nova (como em «Vagão J», 1946) e, a pouco-e-pouco, embrenhando-se nos mistérios da existência – que, desde sempre foram aflorando na interrogação das palavras, das pessoas e das complexas relações sociais. E assim foi consolidando a sua afirmação num romance de feição reflexiva e existencial – em que se sentem as leituras de Jean-Paul Sartre, mas que o tempo foi aproximando da força criadora e crítica de Albert Camus. No pórtico de «Aparição» (1959), o romance que constitui um marco na literatura portuguesa contemporânea, ao falar da «casa enorme deserta» onde se encontra, acrescenta, emblematicamente: «Mas dizer isto é tão absurdo! Sinto, sinto nas vísceras a aparição fantástica das coisas, das ideias, de mim, e uma palavra que o diga coalha-me logo em pedra. Nada mais há na vida do que o sentir original, aí onde mal se instalam as palavras, como cinturões de ferro, aonde não chega o comércio das ideias cunhadas que circulam, se guardam nas algibeiras».
Completa dentro de muito poucos dias (28 de janeiro) o centenário do nascimento, merecendo referência como um dos autores mais influentes do século XX.
Para comemorar os 100 anos do grande escritor português, a BMAC irá realizar uma mostra da sua obra bibliográfica, entre 25 e 30 de janeiro de 2016.
UM LUGAR MUITO ESPECIAL…
Vergílio Ferreira tem uma importância para a cultura portuguesa do século XX, e em especial para as novas gerações do pós-guerra, que ultrapassa em muito a ideia de estarmos perante um escritor entre outros. [...] De Hegel a Nietzsche, de Kierkegaard a Sartre, até Camus o autor de «Aparição» vive um século trágico, pleno de confrontos entre diversas leituras dogmáticas da sociedade e do tempo, que o intelectual e o homem recusam. Vergílio Ferreira quis, assim, sempre assumir o seu próprio caminho – primeiro tratando dos dramas sociais, que reclamariam uma sociedade nova (como em «Vagão J», 1946) e, a pouco-e-pouco, embrenhando-se nos mistérios da existência – que, desde sempre foram aflorando na interrogação das palavras, das pessoas e das complexas relações sociais. E assim foi consolidando a sua afirmação num romance de feição reflexiva e existencial – em que se sentem as leituras de Jean-Paul Sartre, mas que o tempo foi aproximando da força criadora e crítica de Albert Camus. No pórtico de «Aparição» (1959), o romance que constitui um marco na literatura portuguesa contemporânea, ao falar da «casa enorme deserta» onde se encontra, acrescenta, emblematicamente: «Mas dizer isto é tão absurdo! Sinto, sinto nas vísceras a aparição fantástica das coisas, das ideias, de mim, e uma palavra que o diga coalha-me logo em pedra. Nada mais há na vida do que o sentir original, aí onde mal se instalam as palavras, como cinturões de ferro, aonde não chega o comércio das ideias cunhadas que circulam, se guardam nas algibeiras».