“[…]Para quem acha que os livros são apenas fonte de conhecimento, para quem acha que eles são apenas fonte de entretenimento ou mesmo para aqueles que os aboliram das suas vidas, há agora uma nova função a considerar quando se pensa em romances, poesia, ensaios ou biografias: a saúde física, psíquica. E se já houve quem se tivesse curado de um desgosto de amor ao ler O Memorial do Convento, de José Saramago, também haverá quem tenha recuperado de longas doenças com os sete volumes de Em Busca do Tempo Perdido de Proust e quem tenha arrumado as dores de dentes ao ler Os Meus Problemas de Miguel Esteves Cardoso. E talvez aquela angústia que ataca a certas horas do dia se purgue com um bom policial ou aquela indecisão sobre o futuro da sua relação se resolva com as Cenas da Vida Conjugal de Ingmar Bergman. […] a literatura transformada em conhecimento, tranquilidade de espírito, em resiliência, pode melhorar muito a nossa vida“.
In: O Observador , 27 de Março de 2017