Rubem Fonseca é um autor que sempre me deixou dividida. Cheia de cadáveres e mortes, a sua escrita sempre me atraiu e, simultaneamente, me incomodou pela perversidade que transporta, pelo mergulho num mundo negro e grosseiro, da vileza humana.
A literatura serve também para acender estas questões, que merecem reflexão e debate.
Outra grande perda na literatura mundial, mais uma na América latina, dia 15 de Abril de 2020.
Paula Ferreira
Morreu o escritor brasileiro Rubem Fonseca
Rubem Fonseca nasceu em Juiz de Fora, em Minas Gerais, no Brasil, a 11 de maio de 1925. Formado em Direito, começou a escrever aos 17 anos, mas chegou a exercer funções como comissário de polícia nos anos 50. É um dos mais prestigiados escritores brasileiros contemporâneos e um dos expoentes máximos da literatura de língua portuguesa. Traduzido em todo o mundo, foi galardoado com seis prémios Jabuti e, pelo conjunto da sua obra, com o Prémio Camões em 2003. Em 2015, recebeu o Prémio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras (ABL).
É autor de uma vasta obra narrativa, contista e romancista que tem vindo a ser publicada em Portugal, desde 2010, pela Sextante Editora. A Cólera do Cão (1963), O Caso Morel (1973), Feliz Ano Novo (1976), O Cobrador (1979) e Carne Crua - uma coleção de 26 contos inéditos lançada em Portugal há precisamente um ano - são alguns dos seus títulos incontornáveis. A este que viria a ser o seu derradeiro título, no catálogo da Sextante Editora juntam-se O Selvagem da Ópera, Calibre 22, Axilas e Outras Histórias Indecorosas, Histórias Curtas, Amálgama, Buffo & Spallanzani, A Grande Arte, José e Agosto, obra que inspirou uma célebre série da Rede Globo.
Faleceu a 15 de abril de 2020, vítima de um enfarte do miocárdio.
in: wook.pt