“Memórias Secretas da Rainha D. Amélia” por Miguel Real
Miguel Real, licenciado em Filosofia pela Universidade de Lisboa e Mestre em Estudos Portugueses pela Universidade Aberta, com uma tese sobre Eduardo Lourenço, foi professor, é ensaísta, ficcionista, com vários livros publicados.
Um dos seus livros (entre vários que li prazerosamente) foi “As Memórias Secretas da Rainha D. Amélia”.
Não só As Memórias, como a história que as trás até serem publicadas são de uma grande riqueza histórica e literária.
Um militar da revolução de Abril, o primeiro a ter livre acesso ao espólio de Salazar ao que ainda estava no seu gabinete, teve oportunidade de ver documentos vários, cartas, anotações e entre todos os objetos vistos, encontra um envelope onde Salazar escrevera “Memórias Secretas da Rainha D. Amélia”. Teria sido um manuscrito enviado a Salazar pela rainha, pouco antes de morrer. O militar, guarda o envelope, pensando na relíquia que tinha entre mãos e leva-o para todo o lado onde vai, incluindo quando viaja para Moscovo, Varsóvia e Sófia, integrado numa delegação do Partido Comunista Português.
Em Sófia, na Bulgária, apaixona-se por uma camarada Búlgara.
Miguel Real, anos mais tarde, vai a Sófia para o Congresso de Língua e Cultura Portuguesas e aí, por entre linhas de uma história fantástica, recupera o viajado envelope que virá a depositar na Torre do Tombo.
Surge assim este livro As Memórias Secretas da Rainha D. Amélia.
A rainha retrata a sua vida em doze pequenos capítulos, um por cada mês do ano, organizados em quatro grandes partes, seguindo o ritmo das estações, da Primavera, na infância, ao Inverno triste da sua velhice. Um documento comovente e fortemente crítico de Portugal e dos Portugueses, permanentemente iludidos pelas artimanhas de elites ineptas e ignorantes.
