“Sob a Pele...”
de Sara Antónia Matos e Rui Chafes
O pensamento de um dos grandes artistas plásticos da contemporaneidade portuguesa, uma conversa com Rui Chafes, um livro que se lê de um só fôlego.
“[…] No nosso mundo actual, tudo é horizontal, tudo está ao mesmo nível e tem o mesmo valor. Os valores são todos iguais, não há hierarquias, os conhecimentos não são transmitidos dos mais velhos para os mais novos: as pessoas não olham para cima, olham para o lado, logo, nunca aprendem, só copiam.
Interessa-me mais uma ética samurai, corajosa e vertical, determinada, radical, consequente até ao fim. Gosto de pessoas (e de artistas) verticais, que pensam e agem desta maneira. Talvez esteja a falar dos últimos samurais.
[…]
Eu acredito que nada que um artista diga tem demasiada importância face à sua obra, a obra deve valer por si. Ela fala e transporta uma voz mais poderosa do que as suas pobres palavras. Só a obra tem uma linguagem auto-suficiente, própria, interna, o resto surge como acessório. O que não significa que não haja um complemento indispensável à obra que passa pelo discurso e pela tentativa de produção de pensamento. Não é só o objecto que conta, é importante que exista um corpo de ideias e um discurso por detrás, a acompanhar, a sustentar ou a fundamentar a obra, e que a torne diferente dos outros objectos e artefactos comuns.” [Rui Chafes]
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