"A Biblioteca de Estaline"
de Geoffrey Roberts
O livro que Geoffrey Roberts dedicou à biblioteca de Estaline veio desmentir ideias feitas sobre um dos grandes atores da História do Sec. XX.
Estaline não era um bruto ignorante, como se pinta por vezes. Certamente teria recalcamentos, traumas, problemas. Mas não deixava de ser um intelectual. A biblioteca de Estaline rondaria os 25 000 volumes e era uma pessoa bem preparada, quando havia que falar dos temas. Tinha a mania de sublinhar livros, mesmo que não fossem dele, requisitá-los e esquecer-se de devolvê-los e enchê-los de gordura, com as mãos.
Mas o autor reconhece:
“Estaline era um pensador, um homem prudente e trabalhador, investido de uma vontade de ferro e de um intelecto considerável; não há dúvida de que era um patriota, alguém apostado em conservar a condição histórica do Estado russo” (pág. 151).
Não se pense que Estaline só lia Marx e Lénine. Também lia os inimigos, Trotsky, por exemplo, e os clássicos das literaturas russa, soviética e mundiais: Púchkin, Gógol, Tolstoi, Tchékhov, Górki, Maiakovski, Hugo, Shakespeare, France (pág. 134).
“Estaline perguntou certa vez a um grupo de escritores o que achavam do seguinte enredo 'Ela é casada, tem um filho, mas apaixona-se por outro homem. O amante não a compreende e ela suicida-se'. Banal, foi a resposta dos escritores. 'Com este enredo banal', replicou Estaline, 'Tolstoi escreveu Anna Karénina' (pág. 291).
“Na década de 20 e 30, os soviéticos desenvolveram do zero uma economia socialista planeada”, (pág. 320).
O livro lê-se bem, não é uma apologia de Estaline, mas dá-nos a conhecer uma faceta de Estaline que foge ao estereótipo. Gostei de ler e recomendo a quem não tenha muitos macacos na cabeça.
por Carlos Lopes